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Saul Williams - Saul Willams (2004)
Postado por Lucas aka em terça-feira, 9 de dezembro de 2008.


Primeiramente olá a todos.
Escrever o primeiro post em um blog objetivo não é muito fácil.
Estou relativamente perdido, afinal, este é o primeiro blog que realmente estou participando, e não somente leechando. Antes que perguntem, eu fui semi-convidado, mais pedi para entrar do que ser convidado.
E dá aquele medinho na barriga de postar algo que não querem, ou algo que não faz parte da idéia do blog.
Bem, já aviso que não sou nenhum mestre em música experimental, ou underground, mas vou fazer o que posso para levar o melhor que eu conheço para cá.

Acho que aqui não tem muito material referente ao movimento hip-hop,ao menos ao lado mais mainstream dele,então vou lhes entregar o que eu, o mundo e trent raznor consideram de melhor na atualidade.


Este é
Saul Williams.
Nascido em 1979, e como sempre: New York.
Mas diferente da maioria dos guettoniggas, este antes de iniciar em sua carreira, formou-se em filosofia, e depois acabou por cair na graça da cena de poetas de café, no coração de NYC.
Também é conhecido por seu trabalho no filme slam, no qual eu não assisti, e é defensor do movimento GDD pela música livre, ou seja, ele é
a favor de piratearem seus discos.
Suas letras, inteligentes,poéticas e ácidas, distanciam-se (mas nem tanto) da cultura de rua cheia de palavrões e vulgaridade.
Acompanhado sempre por músicos de peso, tem como o maior espalhador de sua palavra, o mestre da produção Trent Raznor, no qual produziu e participou de seu último disco,
The Inevitable Rise and Liberation of NiggyTardust! e também o fez participar de várias faixas do disco Year Zero, do NiN.
Currículo mais que de peso, sem dúvida.

Minha escolha para apresentá-lo para vocês, é seu auto-intitulado
Saul Williams, de 2004



Discursivo e ácido, polêmico e convencedor, furioso e variado.
Esse é o retrato de Saul, e de seu disco.
Não se prendendo aos clichês da música negra, o uso excessivo do soul, blues, corais gospel poderosos ou a técnica superior do jazz, Saul aqui nos mostra um som universal para um cenário fechado como hip-hop.
Sua amizade com Trent Raznor nos dá amostras de brincadeiras eletrônicas das mais ruidosas e brutais, reverbs rodando alto, notas densas, batidas intensionalmente rachadas e pianos e teclados sombrios, e até mesmo guitarras distrocidas ao melhore estilo metal industrial dão o clima.

Menos eletrônico que os discos atuais e assim como os outros, não é algo muito conceitual, e sim cheio de pequenas pérolas, dá para dizer que o disco corre de Public Enemy a Rage Against the Machine, e o conteúdo baseado em histórias pessoais não esconde a crítica aos encabeçadores do movimento hip-hop da atualidade, as grandes corporações, e como não há de faltar, dirige-se com fúria ao racismo e aos problemas políticos, principalmente os africanos. Isso tudo soa muito ao que já conhecemos sobre as músicas de negro de protesto, mais Saul, mas que fazer barulho, irrita e ensurdece com seu barulho.

A agressividade com que as palavras vão sendo jogadas, ora cantadas, ora declamadas chega a cansar quem tenta captar tudo, a atmosfera destruitiva e suja antes citada por mim, na prática cria quase o contrário de tudo aquilo que se espera de uma música bem produzida, estagnando a qualidade de som, rasgando melodias e jogando tudo num liquidificador que martela a mente.
E isso,
aqui conta pontos e muito.


Temos 12 músicas ao todo, num total de 44 minutos de de som, no qual posso destacar uma boa parte do disco:
  1. "Talk to Strangers" (featuring Serj Tankian on piano) (Williams, Tankian) – 2:39
  2. "Grippo" – 3:03
  3. "Telegram" – 3:30
  4. "Act III Scene 2 (Shakespeare)" (Williams, Zack de la Rocha) – 4:19
  5. "List of Demands (Reparations)" – 3:18
  6. "African Student Movement" – 4:01
  7. "Black Stacey" (featuring Isaiah "Ikey" Owens on piano organ) – 5:24
  8. "PG" – 1:35
  9. "Surrender (A Second to Think)" – 4:18
  10. "Control Freak" – 4:14
  11. "Seaweed" (Mia Doi Todd, Williams) – 3:38
  12. "Notice of Eviction" – 4:18
Só que quem rouba a cena mesmo é List of Demands, talvez a melhor música do cara.
Pesada, imediata, viciante, é o resumão do que o disco fala.
Video para quem quiser conferir:
http://br.youtube.com/watch?v=l1llNYAlYrc


A conclusão final, apesar de chovernomolhado,é de que williams é um poeta urbano, que diferente de outros que criam metáforas dificilmente compreendidas, e abusam de erudições, saul ASSUSTA com sua urgência e consegue ser mais brutal que grandes pesos do rap, e seguindo a lógica de uma imagem valer por mil palavras, capa do disco representa mais que perfeitamente tudo que eu escrevi e escrevi para falar.
"I got a list of demands written on the palm of my hands."

Akaaka
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