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Mr. Bungle - Disco Volante (1995)
Postado por Henrique Tonin em sábado, 9 de julho de 2011.


O Disco Volante é um dos meus álbuns preferidos, algo que mudou definitivamente meu modo de ouvir música e até de me relacionar com outras pessoas. Portanto, peço desculpas antecipadamente se essa pseudo-resenha for passional demais.

Creio que o Mr. Bungle é mais conhecido pelo álbum homônimo e pelo California. O Disco Volante carrega a fama, nem sempre atraente, de ser um álbum difícil. Na minha opinião, é uma obra única e com o selo da genialidade. 

Inúmeras tendências se encontram aqui - desde o jazz à film music, do tango à vanguarda erudita de Darmstad, experimentos psicodélicos do passado, músicas do sudeste asiático, underground nova-yorquino... E no entanto, é algo profundamente original. Inúmeros caminhos, também, se bifurcam a partir dele.

Trevor Dunn conta que na época de sua gravação os primeiros sinais de afastamento já eram visíveis, embora a amizade dos membros da banda se mantivesse. Mike Patton passava mais tempo com o Faith No More, Trevor tocava jazz em restaurantes, Bar-McKinnon dirigia um caminhão e por aí vai... Quando se reuniam para ensaiar, simplesmente não sabiam o que fazer. Acabavam virando a madrugada improvisando sobre peças experimentais e fazendo um jogo que chamavam de "três notas": cada músico tocava uma seqüencia de 3 notas e não paravam até que todos atingissem a mesma nota final. Então iam para casa.

Segundo o baixista, até então era a primeira vez que se deparavam com a realidade de que tinham um álbum para conceber. Haviam decidido, por consenso, que seria algo raro e conceitual. Dunn incluiu sessões diretamente inspiradas em Tim Berne e uma canção de rock composta sobre série dodecafônica; Mike Patton inspirou-se no pioneiro Joe Meek para escrever um instrumental de dez minutos cujo tema é um homem se afogando - "The Bends"; Trey Spruance trouxe elementos dos místicos sufitas, triturados pelo humor da banda; e Trevor Dunn conta ainda como encontrou um bandoneonista argentino, que estava em turnê com um grupo de tango e não entendia uma palavra de inglês, para gravar o bandoneon enigmático que aparece em "Violenza Domestica" - uma das músicas mais assombrosas da banda.

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Agradeço aos meus brothers André Carvalho, Felipe e J.V. pelas contribuições e por terem me lembrado de postar essa obra-prima aqui.

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