Seguindo as postagens do Schnittke.



O concerto grosso No. 2 eu ainda não dei toda a atenção a ele, mas o pouco que eu escutei achei fantástico, ainda que não de para comparar com o 1. Aqui, para quem quiser conferir:





A Faust Cantata é um absurdo, simplesmente não dá para imaginar que alguém compôs algo assim, o que nos faz reconhecer em Schnittke o seu talento em diferentes áreas de composição.
Em "Es geschah", um tango altamente histérico, é considerado por muitos uma das melhores árias de todos os tempos, o que é perfeitamente aceitável visto a força que ela possui. Esta versão do vídeo que postarei mais abaixo é da BBC, e não possui todos os elementos presentes nesta gravação do álbum, mas já dá uma bela noção da força obscura da mesma.


Estava vendo esses tempos um documentário sobre o Schnittke (The Unreal world of Alfred Schnittke) onde um crítico disse que talvez Schnittke tenha sido o único capaz de compor alguma música decentemente para o Fausto, e isso porque ele era "a ligação perfeita entre Deus e o Demônio" (perfeitamente demonstrado no vídeo abaixo); de fato, Schnittke era dotado de uma religiosidade monstruosa, até mesmo mística (talvez uma herança da igreja ortodoxa russa), mas mesmo possuindo toda essa religiosidade ele compôs temas extremamentes sombrios e sarcásticos, envoltos em muito humor negro. E ver esta entrevista do Schnittke, onde ele aparece com uma fala mansa, um olhar inocente e cansado, profundamente amoroso, mas parecendo estar totalmente perdido, bom, ver isso e escutar o que ele compôs, (como o Requiem aqui já postado) faz perceber que ele possui um espírito impressionante, forte e enigmático, talvez o mais enigmático do séc. XX.